terça-feira, 5 de julho de 2011

Escritores da Liberdade


 Essa semana assisti um filme bem interessante na rede FOX. O roteiro do filme expõe de forma alarmante a estrutura educacional e social que suscita desigualdades e injustiças. A situação fica clara quando o sistema separa os discentes inteligentes dos considerados como problemáticos, sem analisar o verdadeiro potencial do aluno. 

Por trás de toda esta problemática observam-se pontos culminantes como desigualdades nas classes sociais, racismo, desemprego, desestrutura familiar, intolerância, políticas públicas sem uma função de fato, exclusão social, políticas geradoras de sujeitos apenas com capacidade funcional.




Uma professora de 2º ano que leciona para uma turma de alunos “especiais” percebe que a maioria deles sofreu algum tipo de perda com parentes e amigos mortos por causa do tráfico de drogas. Embora eles estivessem freqüentando as aulas como parte de um programa de reabilitação, o próprio sistema educacional não acreditava que chegariam a algum lugar.

Para mudar essa realidade a professora G resolve enfrentar o “sistema” e coloca em prática um novo método de ensino. A primeira iniciativa era mudar o currículo apresentando novas opções de leituras. Como a diretoria não estava dispondo recursos financeiros para tal empreitada, a professora arcou com as despesas. Para isso teve que arranjar dois novos empregos, o que acabou prejudicando seu casamento.

O interessante do relato está no fato da professora G dar aos seus alunos como opção de leitura do Diário de Anne Frank, uma adolescente judia que após viver escondida num sobrado por dois anos, vai para um campo de concentração no período da Segunda Guerra Mundial. 


Anne Frank usou seu diário pra descrever suas impressões sobre aquela situação, que seria inconcebível há algum tempo atrás e expõe sua visão a respeito dos demais moradores do Anexo Secreto. Além de seus sonhos de jovem determinada e inteligente, naquele cotidiano marcado pelo isolamento e o medo constante, registrou os inúmeros momentos de preocupação e os poucos momentos de alegria.





O Diário foi publicado no ano 1947 e tornou-se uma leitura obrigatória em todo o mundo.

No desenrolar da trama, a professora G observa que a leitura do diário trouxe profundas mudanças em seus alunos, e ela resolve que eles também poderiam ter um diário em que pudessem escrever tudo o que sentiam, todos os seus medos, frustrações e anseios.

Como parte do programa leva seus alunos ao museu do Holocausto e ali, em contato com inúmeras histórias de vidas que se perderam naquele período, cada aluno sente dentro de si, o desejo de mudar o rumo de sua história.

Ao descobrirem que Miep Gies, a senhora que escondeu a família Frank por todo aquele tempo, ainda estava viva, começaram uma maratona para fazer com que ela recebesse suas histórias e se possível, viesse até aquela cidade para uma conferência escolar.

Após aquele grande dia as histórias dos Escritores da Liberdade foram para a internet em forma de livros e assim, depois de lutarem e vencerem seus próprios medos e o preconceito, ao fim de longos anos de estudos todos eles se formaram numa universidade. Tudo porque alguém ousou desafiar o destino.

Embora haja uma polêmica sobre a autenticidade do Diário de Anne Frank, a menina judia enfrentou mesmo todos aqueles dilemas característicos da sua idade e com um agravante: estava marcada para morrer num campo de concentração.

O que me chamou a atenção no filme foi o fato do Diário de Anne Frank ser o livro que a professora G usou para reestruturar emocionalmente seus alunos. Assim todo o contexto histórico e social do Holocausto, que dizimou seis milhões de judeus durante a 2ª Guerra Mundial foi a “arma” utilizada para salvar a vida e mudar o destino daqueles jovens.

Marion Vaz


Este filme é baseado em fatos reais e conta a história da professora Erin Gruwell ao começar a lecionar a turma 203 do 2º grau no Colégio Wilson.


Nenhum comentário:

Postar um comentário