terça-feira, 23 de novembro de 2010

A Essência do Talmud

Ao retornarem do exílio babilônico, Esdras reuniu o povo para renovar o pacto de fidelidade e obediência às leis de Deus. Com o passar dos anos surgiria então uma nova classe de guias e conselheiros do povo, cuja tarefa principal era ensinar o significado das orientações bíblicas.

A lei escrita Torá Shebikh`tav era considerada a regra de conduta e fé do povo judeu. A “orientação oral” Torá Shebealpe, consistia em diversas leis e costumes que faziam parte da vida judáica durante séculos. Estas eram entregues oralmente de geração em geração.

Com a destruição do Templo no ano 70 EC e o povo judeu expulso de sua terra a “orientação oral” corria o risco de sofrer modificações. Por volta do ano 200 da Era Comum sob a orientação do rabino Yeruda Hanassi surgiu a codificação escrita e a essa obra deu-se o nome de Mishná “aquilo que se estuda” ou “aquilo que se repete”.

O processo de discussão e interpretação não parou. Surgiram dois centros de debates, um na Palestina e outro na Babilônia. Mas nada se fixava em forma escrita, tudo era passado oralmente. Dois a três séculos mais tarde surge a Guemara redigida no idioma aramaico. Da união do texto da Mishná e da Guemara nasceu o Talmud. Há dois compêndios diferentes de Talmud acompanhando as duas versões da Guemara: o Talmud Yerushalmi foi compilado em Israel, durante o século IV da Era Comum e o Talmud Babli (Babilônia) foi compilado ao redor do ano 500 embora tenha continuado a ser editado posteriormente.

Há também outros livros, com datas anteriores considerados paralelos ao Talmud. Mas este é que dirige a vida judaica. Estuda-lo pode se tornar uma experiência interessante, quando se valoriza o esforço dos líderes da religião judaica em manter seus ensinamentos e tradições.

Os 63 tratados reunidos nessa enorme enciclopédia chamada Talmude (somatório da Mishná e da Guemara) consistem a clara expressão do pensamento judaico, estimulado pela diversidade dos sábios que continuaram polemizando cada uma de suas paginas.

O Talmude é uma obra viva, cuja construção nunca se deteve. Ao longo dos séculos novas hipóteses e interpretações continuaram enriquecendo-o. O conteúdo do Talmude pode ser classificado em duas grandes categorias: halachá (jurídicos) e agadá (literários). É interessante observarmos a afirmação dos poetas Hayyim Nahman Bialik e Y. H. Ravnitzky que explicam que a halachá é o pão, e a agadá, o vinho, e concluem: não só de pão vive o homem.

Pirkê Avot, ou seja, Capítulos dos Pais são seis breves capítulos que resumem forma de máximas e provérbios, os ensinamentos étnicos dos grandes mestres do Talmude. Hilel e Shamai e os rabinos Akiva e Meir então entre eles.

A essência do Talmud é extraída de seus ensinamentos, mesmo que pelo excesso de zelo, exijam-se anos de dedicação e instrução:

“Deus se esconde – a fim de que o homem o procure
Rabi Nahman

Numerosos são os projetos do coração do homem,
Mas é o designo de Deus que o conduz.
Provérbios

A fé é o fundamento de todas as coisas.
Baal Shem tov

O Santo Bendito conhece até mesmo aquilo que o coração do homem desconhece.
Rabi Baruch de Medzibosh

Ora. Ora. Ora mais ainda. Qualquer que seja o objeto da tua necessidade,
orar é o melhor meio de obtê-la.
Rabi Nahman de Bratslav


Marion Vaz

TOKER, Eliahu. Pirkê Avot: Versos dos Pais. Revista História Vida. Grandes Religiões 2 Judaismo. 2008

LURÇAT, Pierre Itshak. Princípios da Vida tradições Judaica. Rio de Janeiro. Ed.Record. 2004



Texto extraído do livro Eretz Israel de Marion Vaz

Todos os direitos autorais reservadosa autora.

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