Chag Haatzmaut
Foi há 64 anos, mas parece que foi ontem, as
cadeiras vieram emprestadas de cafés vizinhos, os microfones de um empório
musical, e dois carpinteiros chamados às pressas ergueram o palco de madeira.
O retrato de Theodor Herzl (a mais nobre das
homenagens, em minha opinião) foi
colocado na parede em posição de destaque, com duas bandeiras gigantes mostrando
a estrela de Davi (símbolo do povo judeu).
Os convites para a reunião já tinham sido impressos
de véspera, mas só foram distribuídos na manhã do evento, acompanhados de um
pedido de segredo. Ali, no Museu Nacional de Tel Aviv, na presença dos 250
convidados, a história de Israel seria
reescrita.
Poucas horas depois do Mandato Britânico na
Palestina ter se encerrado, o local virou palco da mais importante cerimônia de
Israel, depois de 1878 anos de espera.
O porta voz do Cerimonial David Ben Gurion leu em
voz alta (E talvez acompanhada de certa emoção), a Declaração de Independência do Estado de Israel.
"A cerimônia, transmitida pela Kol Yisrael, "a
voz de Israel", tornada rádio oficial do novo estado sionista, provocou
uma explosão incontida na população hebraica em todos os lugares da Palestina.
Enquanto dentro do Museu Nacional de Tel-Aviv o público, emocionado, entoava a
plenos pulmões o hino Hatikvah"
A multidão que cercava o local festou com alegria enquanto a resposta árabe estava sendo elaborada para o dia seguinte.
A Guerra
de Libertação durou pouco mais de um ano e Israel saiu vitorioso com a ajuda da Haganah.
Mas a corrida contra o tempo, batalha travada nos
anos anteriores e legitimada pela declaração de Balfourd (1917), não pois fim ao sonho de Herzl, nem a
Hatikva (Esperança) do povo judeu de uma pátria em solo judeu.
O apoio da Agência Judaica, os prós de alguns países
e contra de outros, as investidas árabes e toda a burocracia que atrasava o
processo de Partilha, definiu os sentimentos e acirrou a campanha a favor da
criação do Estado judeu na Palestina.
Nos momentos decisivos, contatado por telefone em
Nova York, Chaim Weizmann, chefe da Agência Judaica, declarou: “Proclamem o
Estado, não importa o que aconteça!”
Assim nasceu o Estado de Israel em 14 de maio de
1948, em meio a guerras e projetos de segurança, retomando cidades e criando
espaço físico para os judeus e refugiados que chegavam e chegariam ao longo dos
anos seguintes.
Hoje, olhando pela Internet e através das notícias
no Haaretz e demais jornais de Israel e do mundo, o cerimonial com chefe de
Estado e o Primeiro Ministro e todos os israelenses, e toda a alegria,
e a
bandeira nacional como símbolo de soberania fincada em todas as praças e
rodovias e enfeitando casas, achamos tudo muito bonito e muito fácil.
Mas foi um processo longo e árduo para os pioneiros,
transformar um pequeno pedaço de terra e manter a liberdade e com um agravante:
contrariando parte do mundo existente.
Hoje, de posse do território dado ao patriarca Avrahan,
(ou pelo menos parte dele) Israel resurge no panorama global como uma imponente
e próspera nação.
Mas olhando para o passado, para os Pioneiros, sentimos
que temos uma dívida eterna àqueles que deram tudo de si para fincar raízes no
solo judeu, foram eternos dias de labor, suor e sangue. A eles e seus
descendentes dizemos de todo coração: Todah Raba!
Hoje comemoramos não como apenas uma festa judaica,
não porque é um feriado para estar com a família, e que muitos israelenses
fizeram piquenique, churrasco e lazer no Gan Independence, e outros que
passearam e se divertiram nas praias ou em casa. Não!
Comemoramos porque fazemos parte de algo, que
outrora era apenas um sonho, mas hoje é real. “Ontem” era uma ideia a ser
discutida, elaborada, contrariada... guerreada... Hoje, se cumpri a letra do hino nacional: “nossas
esperanças não estão perdidas...”
Talvez hoje, como em toda História do povo judeu, e
por causa de todos os conflitos e limitações que nos são impostas, não podemos
afirmar que estamos vivendo plenamente nosso sonho, mas certamente hoje, podem
afirmar nosso Haatzmaut na “terra de
Tzion e Yerushalaim”
Marion Vaz
Em
17 de Maio de 1948, Chaim Weizmann
foi eleito Presidente do Conselho
provisório e em 16 de fevereiro de 1949 (ou 17 de fevereiro), foi eleito como o primeiro presidente de Israel. Weizmann
morreu em 9 de novembro de 1952
Fonte: http://veja.abril.com.br/historia/israel/especial-capa-independencia-israel.shtml
http://www.haaretz.com/news/
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