Manter sua religiosidade pura e distante da “massa” secular que incorpora parte da vida diária nas cidades de Israel, tem sido uma verdadeira ” batalha espiritual” para esse grupo de judeus ultraortodoxos, principalmente os que vivem no bairro de Mea Shearim em Jerusalém.
Assim, cerca de 1.500 ultraortodoxos se reuniram na Praça do Shabat no bairro da capital na noite de sábado para protestar contra o que chamaram de "opressão" e "incitamento" da "comunidade secular" contra eles.
Para alguns o fato deles estarem usavam a Estrelas de Davi amarela em suas jaquetas com a palavra "Jude" no centro, e banners com slogans como "sionistas não são judeus" e "Sionismo é racismo" exibidos na manifestação, foi um exagero e alguns chegaram a dizer que era o extremo da injustiça contra aqueles que morreram no Shoah.
Os principais líderes e políticos israelenses condenaram neste domingo o protesto e consideram uma profanação da memória dos seis milhões de judeus assassinados pelos nazistas.
O ministro Yossi Peled, também sobrevivente dos campos de concentração, considerou que "há coisas inconcebíveis" como a representação de imagens do Holocausto. "Vi as imagens e o meu sangue congelou imediatamente"! Argumentou.
A onda de condenações foi seguida pelo ministro da Defesa, Ehud Barak, para quem foi "aberrante" ver as faixas amarelas colocadas pelos manifestantes com a palavra "judeu" em alemão. "Cruzaram uma linha vermelha", e pediu aos líderes da comunidade que colocassem fim a este tipo de expressões.
Outro tipo de protestos também tem sido noticiado pela Mídia e provoca uma onda de incompreensão, tanto naqueles que protestam, como naqueles que se consideram ultrajados. Os vídeos no canal You Tube mostram confrontos de policiais com o grupo Haredim em Jerusalém.
Nessa confusão toda encontramos um impasse entre a religiosidade X progresso e fieis que não se deixam abater diante das constantes mudanças sócio cultural que mantém Israel no panorama mundial como uma nação. Mas que no intuito de dar ênfase as suas tradições entram em confronto com as leis vigentes no país.
Outras notícias também me chamaram a atenção quanto à devoção de um grupo de judeus ortodoxos descendentes dos coranim que exigiram a construção de uma ponte para atravessarem o cemitério e os túmulos na região de Galil.
A religiosidade dos judeus tem sido posta à prova diariamente e em todos os períodos da História. Mas nesses últimos anos de Estado independente, Israel tem enfrentado verdadeiras batalhas no campo social, além daquelas em que o armamento pesado não é suficiente para manter a o equilíbrio e a paz no território.
Quando comparamos o protesto Haredim com determinadas passagens bíblicas que mostram o povo de Israel vivenciando situações adversas, podemos entender como a devoção religiosa pode num momento ser proveitosa para manter viva a vida espiritual de uma nação, e em outros, dificultarem o crescimento e a convivência entre irmãos.
Mas há algo de extraordinário nesse povo tão cheio de fé: a perseverança. Enquanto estou escrevendo esse artigo, estou olhando pelo webcam as imagens do Muro Ocidental. Está chovendo em Jerusalém, são 5;30, venta forte, mas lá estão eles, diante do muro fazendo suas orações.
Posso ouvir o barulho do vento que se une as vozes, posso ouvir seus passos e ver o movimento característico de seus corpos enquanto elevam a voz numa sincera e longa oração.
Em dias de festas, lotam a explanada do Muro Ocidental e todos eles, apesar das diferenças, se unem no mesmo lugar.
Marion Vaz
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