A Noite dos Cristais
"O assassinato de Von Rath, em 7 de novembro de 1938, foi um pretexto oportuno para que os nazistas iniciassem o processo de extermínio dos judeus. A inércia e a indiferença do mundo a este abominável acontecimento deram a H* o "sinal verde" para continuar com a sua macabra tarefa que culminou com o Holocausto. Decretadas em 15 de setembro de 1935, as leis de Nürenberg aboliam pura e simplesmente os direitos que os judeus ainda possuíam devido à sua nacionalidade alemã. Privados dos mínimos direitos como cidadãos, voltaram praticamente a viver na penúria reinante na Idade Média.
Entre outras restrições, seus bens foram confiscados, foi-lhes proibido exercer profissões liberais; seus estabelecimentos passaram a ser supervisionados pelos comissários arianos e suas contas bancárias congeladas.
Naquela época, 80 mil judeus de procedência polonesa viviam na Alemanha. Preocupado com as restrições às atividades econômicas dos judeus na Alemanha, o governo polonês determinou, no verão de 1938, que todos os portadores de passaportes poloneses teriam de revalidá-los.
O objetivo era evitar que um grande número de judeus empobrecidos pela política nazista retornasse à Polônia, agravando os problemas econômicos desse país; como também que fosse aumentado o número de uma minoria nunca vista de bom grado pelo governo e a população polonesa. Portanto, qualquer motivo servia para que os passaportes dos judeus, que viviam no estrangeiro, fossem declarados vencidos e nulos.
Deportação em massa
Tal procedimento deu a H* um bom pretexto para se livrar dos judeus que se tornaram apátridas. Assim, em 28 de setembro de 1938, um ano antes de a guerra ter começado a polícia alemã, com a colaboração da SS e SA, retiravam de suas casas homens, mulheres e crianças que, ainda recentemente, possuíam a nacionalidade polonesa. Obrigados a deixar todos os seus bens, foram amontoados em caminhões e vagões de carga e levados à fronteira polonesa.
Após concentrá-los num campo, foram conduzidos a pauladas e chicotados através da fronteira. Perplexos, os guardas poloneses da fronteira, sem saber como agir contra uma massa humana que corria em sua direção, deixaram-nos passar. Entre os repatriados, encontrava-se um sapateiro chamado Gerson Grynszpan e sua mulher. Seu filho Herschel, de 17 anos que vivia em Paris. Este, quando soube das circunstâncias em que seus pais haviam sido expulsos da Alemanha, resolveu fazer justiça com as suas próprias mãos.
No dia 7 de novembro, Herschel comprou um revólver e dirigiu-se à Embaixada Alemã com o objetivo de matar o embaixador nazista Conde von Welczek. Pedindo audiência, foi conduzido até o gabinete do conselheiro da Embaixada, von Rath. Pensando estar diante do embaixador, atirou no conselheiro, ferindo-o mortalmente.
Quando a notícia da morte de von Rath chegou à Alemanha, uma atividade febril começou imediatamente a reinar na Prinz Albrechtstrasse - sede da central da Gestapo. A ordem da ação foi assumida pessoalmente pelo terrível Reinhard Heydrich que há tempos havia preparado os planos de um pogrom de vulto, esperando só um pretexto. Para dar ao mundo a impressão de que a vingança partira do povo e fora espontânea, ordenou a todos os grupos da SA e SS que participassem da ação vestindo roupas civis.
Pogroms
Na noite de 9 de novembro de 1938 iniciaram-se os pogroms.
A polícia recebeu ordens para não interferir. Sinagogas, casas e lojas judaicas foram depredadas e incendiadas.
Inúmeros judeus foram abatidos a pauladas enquanto dezenas de milhares, presos e internados nos campos de concentração, dos quais praticamente ninguém voltou.
O terror prosseguiu nos dias 10 e 11 de novembro. Por causa das vitrines quebradas essa ação foi denominada "Kristalnacht" - "A Noite dos Cristais".
Livros de orações judaicas queimados.
Menos de três anos mais tarde, em 31 de julho de 1941, Herman Goering incumbiu Reinhard Heidrich, mentor do pogrom da "Noite dos Cristais",de preparar a solução definitiva e final do problema judaico, cujo saldo foram 6 milhões de judeus exterminados durante o Holocausto.
A "Noite dos Cristais" constituiu para H* um balão de ensaio para verificar a reação mundial frente ao primeiro atentado físico aos judeus após ter assumido o poder. E o mundo silenciou e ficou calado quando milhões de seres humanos sem discriminação de idade ou sexo foram assassinados".
Artigo de Ben Abraham
|
Iom HaShoá
|
Iom HaShoá, ou, Dia da Memória ao Heroísmo e ao Holocausto, é um adição relativamente recente no Calendário Judaico. Suas formas de observância ainda estão evoluindo, com várias maneiras distintas, e pouca padronização sobre a melhorar maneira de marcar esta data.
Em Israel, Iom HaShoá é um feriado oficial. Na Diáspora, cada vez mais Judeus passam a observar este dia, como forma de aprofundar seus conhecimentos e sua conexão com esta tragédia.
Em Israel
Iom HaShoá começa no fim da tarde, conforme o Calendário Judaico. Por toda Israel, todos os lugares de entretenimento e diversão permanecem fechados, exceto os que promovem atividades especiais relacionadas ao Holocausto. No fim da tarde, uma sirene é soada por todo o país, e todos param por 2 minutos de silêncio para reflexão.
Yad Vashem, a organização nacional para pesquisa e educação sobre o Holocausto promove diversos programas a cada ano. Geralmente, as escolas oferecem atividades especiais para seus alunos, sempre sobre temas relativos ao Holocausto.
As cerimônias usualmente incluem atos de acendimento de velas em memória aos mortos, e palestras com sobreviventes. Algumas vezes, rezas também são recitadas em memória aos falecidos, além de poemas, textos e outras obras de vítimas do Holocausto são expostas. Freqüentemente os nomes de vítimas são lidos em voz alta, além de informações sobre as várias comunidades judaicas destruídas durante o Holocausto. O Yad Vashem possui projetos internacionais para cadastrar e homenagear todas as vítimas do Holocausto.
Na Diáspora
Fora de Israel, o Holocausto se tornou mais divulgado e conhecido tanto para Judeus quanto não-Judeus, através da publicação de centenas de livros, museus e memoriais, e também através de filmes e séries de televisão. Com a ênfase da importância da lembrança da tragédia, cada vez mais gente aproveita esta data como momento de reflexão e aprendizado sobre o Holocausto. Muitas comunidades judaicas organizam suas próprias cerimônias, contate a liderança comunitária de sua comunidade para se informar.
Para aqueles que não têm a oportunidade de participar de alguma cerimônia comunitária, Iom HaShoá pode ser uma data para introspecção pessoal, para o acendimento de velas, para rezas memoriais, e para aprender a história do Holocausto.
Além de apenas lembrar as vítimas do Holocausto, podemos também pensar em como fortalecer a vida e a comunidade judaica. O objetivo de Hitler, de eliminar a vida judaica do planeta, e o apoio que ele recebeu de diversas fontes devem fortalecer nossa continuidade, e não dar-lhe uma vitória póstuma.
O Arco de Tito, em Roma, foi feito como memorial da destruição da nação judaica e sua conquista pelos romanos. Hoje, os antigos romanos desapareceram da face da Terra.
Devemos lutar para que quando os sobreviventes do Holocausto não estiverem mais entre nós para lembrar-nos do que passaram, o Povo Judaico continue a lembrá-los com dignidade e continue fazendo seu papel na história.
|
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário