Uma das batalhas mais interessantes narradas no texto bíblico é sem dúvida aquela em que um jovem se dispõe a guerrear com o opressor de Israel (1 Sm 17). Davi, um jovem com coragem bastante para encarar um gigante e Golias, um guerreiro audacioso e cheio de confiança na sua própria força.
Talvez a diferença estivesse mesmo naquilo ou em quem se depositava a confiança. Davi não participava daquela guerra, não tinha armadura e muito menos idade suficiente para ingressar no exército de Israel. Estava ali para fazer um favor ao pai, para saber como estavam os irmãos e levar suprimentos.
Ele chega como um entregador e ouve as palavras ofensivas de Golias em relação ao D-us de Israel e o povo. Por quarenta dias o guerreiro filisteu ofende e desafia o exército do D-us Todo Poderoso. Com certeza os homens estavam desanimados e mortificados de medo. Palavras mudam o nosso modo de pensar e interferem nas nossas escolhas.
E Davi fica indignado ao ouvir as agressões verbais. E mesmo que o rei Saul tivesse feito promessas e até a mão de sua filha em casamento para quem conseguisse vencer seu oponente, nenhum homem se apresentou para a batalha.
Então, Davi resolve se intrometer. As palavras de ódio que proferiu mostram a sua revolta: "quem é este incircunciso filisteu para afrontar o exército do Deus vivo?" (17.26). Talvez o dispositivo que faltava fosse mesmo a indignação por causa da maneira como foi tratado.
Mas, voltando ao tema do artigo de hoje: por que Davi, apesar das suas limitações, se dispõe a enfrentar um gigante visivelmente forte? Podemos ler na história bíblica que Davi era considerado o menor da casa de seu pai e que seus irmãos também não lhe tinham respeito.
Assim que o viram conversando com outros soldados vieram tirar satisfação. E foi Eliabe, o irmão mais velho, que descreve com ironia e desprezo, a função de Davi em cuidar das ovelhas da casa (17.28). Podemos perceber que Davi enfrentou situações adversas dentro do seu próprio lar. E como não bastasse o desprezo dos irmãos, ainda ouvia os risos e ofensas de Golias ao se referir a Israel como um povo covarde.
Ao se apresentar ao rei Saul fala confiante de suas conquistas: matei um leão e um urso. É possível que alguém diga que é irrelevante, que não se pode comparar tais façanhas a liderar uma batalha em campo aberto. E Davi experimenta uma armadura que não cabe nele, que incomoda. Então resolve agir por conta própria e suas suas próprias armas.
Posso imaginar todo o exército recuando e Davi ali, sozinho, com uma espécie de estilingue e cinco pedras que pegou num riacho. Nada promissor. A afronta verbal recomeça e Golias ri alto, desprezando o filho de Jessé.
E Davi profere as palavras mais lindas e mais sincera de toda a sua alma: "Tu vens a mim com espada, e com lança e com escudo. Porém eu venho a ti em nome do Senhor dos Exércitos, a quem tens afrontado".
Não eram palavras simples. Era um ato de fidelidade, de compromisso, de quem sabia de onde viria a sua vitória.
E por que ele mata um gigante? Para que todos soubessem que há D-us em Israel.
Marion Vaz
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