Mordechai Anilevich, comandante do levante do Gueto de Varsóvia e habitante do mesmo, nasceu em família pobre, num bairro pobre, em 1919. Após completar seus estudos no que hoje é o ensino médio, juntou-se ao movimento juvenil Hashomer HaTzair, onde se mostrou um excelente líder e organizador.
Em 7 de setembro de 1939, uma semana após o início da Segunda Guerra Mundial, Anilevich escapou com seus amigos do Hashomer para as regiões orientais, presumindo que o exército polonês fosse dificultar o avanço alemão. Anilevich tentou cruzar a fronteira em direção à Romênia, para abrir uma rota de fuga de jovens para Israel. No entanto, foi pego e posto numa prisão soviética. Depois de ser liberto, retornou para o Gueto de Varsóvia, passando por muitas comunidades durante o percurso.
Anilevich ficou pouco tempo em Varsóvia, indo para Vilna (Lituânia), onde havia muitos refugiados, membros de movimentos juvenis e partidos políticos vindos do leste. Pouco antes a cidade fora anexada pela URSS.
Mordechai pediu aos seus colegas do Hashomer HaTzair que mandassem pessoas para as regiões ocupados da Polônia oriental para continuar as atividades políticas e educativas na ilegalidade. Ele e sua namorada, Mira Fukrer, foram uns dos primeiros voluntários a irem para Varsóvia.
A partir de janeiro de 1940, Mordechai Anilevich passou a dedicar-se inteiramente à ocupação de ativista do subsolo. Como líder de seu movimento juvenil, organizava células e grupos jovens, instruía, colaborava com publicações ilegais, organizava encontros e seminários e visitava grupos semelhantes ao Hashomer em outras localidades.
Anilevich dedicava parte de seu tempo a aprender hebraico, ler e estudar, História, sociologia e economia. Ao mesmo tempo seu pensamento e seus pontos de vista foram organizados e expressos em publicações e lições.
Quando as notícias sobre o assassinato em massa de judeus na Europa Oriental chegaram até o Gueto, Anilevich imediatamente mudou a orientação de seu trabalho. Passou a organizar grupos de autodefesa dentro do Gueto de Varsóvia. Suas primeiras tentativas de conectar-se com forças polonesas fora do Gueto, agindo sobre ordens do governo polonês em Londres, fracassaram. Nos meses de março e abril de 1942, ajudou a fundar o Grupo Anti-Fascista.
O “Grupo” não atingiu as expectativas de grupos sionistas e, após uma onde de prisões de membros comunistas, esta organização foi desmantelada.
Quando as grandes deportações para campos de extermínio começaram, na metade de 1942, Anilevich estava vistiando o sudoeste da Polônia, área ocupada pelos alemães, tentando organizar uma defesa armada. Ao retornar encontrou apenas 60.000 judeus (havia antes 350.000, a maioria havia sido morta ou deportada) e um mal equipado e mal organizado grupo de defesa chamado “Organização dos Combatentes Judeus”.
Ele começou a reorganizar o grupo, tarefa na qual teve muito sucesso em parte devido à grande receptividade à idéia de lutar contras os nazistas, especialmente após tantas deportações. Em novembro deste mesmo ano Anilevich foi eleito chefe da organização e, até janeiro de 1943, estabeleceu contato com forças polonesas fora do gueto e armas começaram a ser trazidas para dentro dele.
A segunda grande deportação estava planejada para 18 de janeiro de 1943. O quartel general da Organização não teve tempo suficiente para discutir as possíveis respostas, mas os grupos armados decidiram lutar. A resistência ocorreu em dois pontos: Anilevich comandava a resistência na rua principal. Os combatentes juntavam-se aos deportados e, quando recebessem um sinal entre as ruas Zamenhoff e Niska, atacavam a escolta. Os judeus fugiram e se dispersaram, a maioria dos membros do Hashomer HaTzair foi morta nesse confronto.
Os próximos três meses – até abril de 1943 – foram críticos para a Organização dos Combatentes Judeus comandada por Mordechai Anilevich. Em 19 de abril, véspera de Pessach, a última deportação começou e a revolta foi deflagrada. No início a resistência era superior e os nazistas sofreram muitas perdas. Três dias se passaram e os nazistas, em maior número e melhor equipados que os judeus, que as vezes possuíam apenas revólveres, impuseram uma derrota esmagadora sobre os judeus do gueto.
Estes, no entanto, não se renderam e passaram a se esconder no gueto. As forças alemãs queimaram casa por casa até o dia 16 de maio de 1943, quando o general Jurgen Stroop relatou a seus superiores que “não há mais um bairro judeu em Varsóvia”.
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