Ao retornarem do exílio babilônico, Esdras reuniu o povo para renovar o pacto de fidelidade e obediência às leis de Deus. Com o passar dos anos surgiria então uma nova classe de guias e conselheiros do povo, cuja tarefa principal era ensinar o significado das orientações bíblicas.
A lei escrita Torá Shebikh`tav era considerada a regra de conduta e fé do povo judeu. A “orientação oral” Torá Shebealpe, consistia em diversas leis e costumes que faziam parte da vida judáica durante séculos. Estas eram entregues oralmente de geração em geração.
Com a destruição do Templo no ano 70 EC e o povo judeu expulso de sua terra a “orientação oral” corria o risco de sofrer modificações. Por volta do ano 200 da Era Comum sob a orientação do rabino Yeruda Hanassi surgiu a codificação escrita e a essa obra deu-se o nome de Mishná “aquilo que se estuda” ou “aquilo que se repete”.
O processo de discussão e interpretação não parou. Surgiram dois centros de debates, um na Palestina e outro na Babilônia. Mas nada se fixava em forma escrita, tudo era passado oralmente. Dois a três séculos mais tarde surge a Guemara redigida no idioma aramaico. Da união do texto da Mishná e da Guemara nasceu o Talmud. Há dois compêndios diferentes de Talmud acompanhando as duas versões da Guemara: o Talmud Yerushalmi foi compilado em Israel, durante o século IV da Era Comum e o Talmud Babli (Babilônia) foi compilado ao redor do ano 500 embora tenha continuado a ser editado posteriormente.
Há também outros livros, com datas anteriores considerados paralelos ao Talmud. Mas este é que dirige a vida judaica. Estuda-lo pode se tornar uma experiência interessante, quando se valoriza o esforço dos líderes da religião judaica em manter seus ensinamentos e tradições.
Os 63 tratados reunidos nessa enorme enciclopédia chamada Talmude (somatório da Mishná e da Guemara) consistem a clara expressão do pensamento judaico, estimulado pela diversidade dos sábios que continuaram polemizando cada uma de suas paginas.
O Talmude é uma obra viva, cuja construção nunca se deteve. Ao longo dos séculos novas hipóteses e interpretações continuaram enriquecendo-o. O conteúdo do Talmude pode ser classificado em duas grandes categorias: halachá (jurídicos) e agadá (literários). É interessante observarmos a afirmação dos poetas Hayyim Nahman Bialik e Y. H. Ravnitzky que explicam que a halachá é o pão, e a agadá, o vinho, e concluem: não só de pão vive o homem.
Pirkê Avot, ou seja, Capítulos dos Pais são seis breves capítulos que resumem forma de máximas e provérbios, os ensinamentos étnicos dos grandes mestres do Talmude. Hilel e Shamai e os rabinos Akiva e Meir então entre eles.
A essência do Talmud é extraída de seus ensinamentos, mesmo que pelo excesso de zelo, exijam-se anos de dedicação e instrução:
“Deus se esconde – a fim de que o homem o procure
Rabi Nahman
Numerosos são os projetos do coração do homem,
Mas é o designo de Deus que o conduz.
Provérbios
A fé é o fundamento de todas as coisas.
Baal Shem tov
O Santo Bendito conhece até mesmo aquilo que o coração do homem desconhece.
Rabi Baruch de Medzibosh
Ora. Ora. Ora mais ainda. Qualquer que seja o objeto da tua necessidade,
orar é o melhor meio de obtê-la.
Rabi Nahman de Bratslav
Marion Vaz
TOKER, Eliahu. Pirkê Avot: Versos dos Pais. Revista História Vida. Grandes Religiões 2 Judaismo. 2008
LURÇAT, Pierre Itshak. Princípios da Vida tradições Judaica. Rio de Janeiro. Ed.Record. 2004
Texto extraído do livro Eretz Israel de Marion Vaz
Todos os direitos autorais reservadosa autora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário